O programa "Revolução Jesus" do dia 14 de Agosto de 2013 trouxe à tona um assunto moderno e um pouco confuso.Você já ouviu falar em "sociedade líquida"?
Nos próximos parágrafos você encontrará uma síntese sobre essa modernidade líquida.
Líquido é algo que escorre pelas mãos, que não tem base e assim é a sociedade atual, pois tem necessidades emergentes, urgentes, não há um planejamento de futuro, mas um planejamento do hoje.
O padre Anderson Marçal tocou em um ponto fundamental: a "Revolução de 1960". Em pesquisa na internet encontramos muitas coisas interessantes sobre o tema: essa revolução diz respeito à mudança de comportamento de uma sociedade de moralismo rígido, para um momento de manifestações sócio-culturais, bem como um novo idealismo político que culminou com o espírito de luta do povo. Diante disso, o cenário muda para uma "explosão" de novos conceitos: o povo queria "derrubar" todas as instituições, ou seja, no final da década de 60 surgem as experiências com drogas, a revolução sexual e os protestos dos jovens. Segundo o Wikipédia, "nesta época teve início uma grande revolução comportamental como o surgimento do feminismo e os movimentos civis em favor dos negros e homossexuais"; e também dá-se início ao consumismo nos Estados Unidos.
O padre ainda disse que "o homem tem a necessidade da verdade (aquilo que eu acho que é verdade, um relativismo), da bondade (eu acho que deve ser bom, necessidade adolescente de auto-afirmação, busco o que me dá prazer) e da beleza (o que é a beleza, excitação de algo bom e belo).
Segundo a professora da Faculdade Canção Nova, Marina Augustone, o homem está fragmentado, pois não acredita que existe uma verdade. Ela existe, mas se perde. Segurança e liberdade - fragmentação humana - vivemos em rede, não podemos confiar em ninguém - não há solução, há um equilíbrio.
Em um relacionamento sólido existe CONFIANÇA.
Na escolha da novidade os valores acabam se perdendo, o duvidoso sempre dá oportunidade ao novo. E isso não acontece apenas no âmbito de relacionametos entre pessoas, mas no relacionamento com a Fé, com o acreditar em Deus. Se não há solidez nesse sentimento, nessa crença, começamos a buscar um Deus que "criamos", não que necessitamos, pois buscamos apenas respostas convenientes. Por isso tantas pessoas mudam de religião, pois sua fé é líquida. São pessoas que perderam suas referências, não podemos construir nossas vidas com fragmentos, devemos ser INTEIROS.
PARA CONSTRUIR UMA FÉ SÓLIDA, VOCÊ TEM QUE SER POR INTEIRO NESA FÉ, DOAR-SE DE CORPO, ALMA E CORAÇÃO, ASSIM COMO O PAPA FRANCISCO FEZ QUANDO ESTEVE NO BRASIL - DOOU-SE POR INTEIRO ÀS COISAS DE DEUS, OUVIU CONFISSÕES, CONVERSOU COM JOVENS ARGENTINOS, DEU ENTREVISTA E FOI EXTREMAMENTE HUMILDE.
A pessoa humana não pode se relacionar à distância, as pessoas carecem de toque. Em uma relação pela internet o homem real torna-se virtual, como uma máquina.
Algumas pessoas chegam a pensar que a máquina é melhor que o humano, que pode substituí-lo. Isso é errado, pois o "cyborg¹" não possui gênero, daí o perigo dessa "ideologia de gênero²" que o Papa Bento XVI alertou, o perigo da androginia³. E nessa relação homem-máquina o homem acaba se isolando da vida real e passa por um processo de individualização total.
O "cyborg" é o cume da tecnologia: eu não me aceito, não me respeito. As pessoas devem aceitar o que são, seus limites e suas virtudes, não buscar um ser ideal, pois quem vive no idealismo nunca acaba de se construir, e, por ser um ser incompleto, vive sempre nos extremos.
O caminho que devemos trilhar é o de regaste. DEVEMOS RESGATAR OS FUNDAMENTOS, RESGATAR AQUILO QUE NOS SUSTENTA, AQUILO QUE PODEMOS NOS CONFIGURAR, NÃO SÓ CONFIAR.
Devemos respeitar o outro na sua auteridade, ou seja, nunca querer ser o outro - eu sou eu, você é você.
Diante disso, a resposta para essa "sociedade líquida" é uma renúncia, as pessoas tiram o que lhes impõem ordens, tiram o próprio Deus de suas vidas, para viver em uma liberdade, em um idealismo, em um relativismo total.
QUANDO COLOCO DEUS E ASSUMO O COMPROMISSO DE CRER NESSE DEUS E DE ADERIR A ESSE DEUS ACONTECE A SOLIDEZ DOS FUNDAMENTOS, POIS EM DEUS A GENTE SE ENCONTRA. DEVEMOS TER CORAGEM E COERÊNCIA, DEVEMOS CONSTRUIR UMA FÉ SOLIDIFICADA, MAS NÃO RÍGIDA AO EXTREMO, DEVEMOS CONSTRUIR UMA FÉ FLEXÍVEL.
Segundo o Padre Demétrio a "unidade" não se opõe à multiplicidade, mas se opõe à divisão - não precisamos pensar exatamente igual uns aos outros, devemos ser UNOS na unidade essencial que é a FÉ e dentro do que é essencial para essa fé, que é justamente a diversidade de pensamentos. Assim é a riqueza do Evangelho, por isso na Igreja Católica há os carismas que se afloram de forma diferente em cada pessoa, por isso Católico é UNIVERSAL.
Caso queira aprender mais sobre tal assunto, procure por "Zygmunt Bauman".
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¹Cyborg: Homem "máquina". Em algumas pesquisas podemos encontrar uma definição um pouco mais precisa quando lemos alguns exemplos: um homem que necessita e/ou depende de algo mecânico, um marcapasso por exemplo, para melhorar seu desempenho biológico.
²Androginia: Segundo o Wikipédia, "refere-se a dois conceitos: a mistura de características femininas e masculinas em um único ser, ou uma forma de descrever algo que não é nem masculino nem feminino".
³Ideologia de gênero: O Papa Bento XVI, em um discurso em um encontro com a Cúria Romana fala sobre ideologia de gênero: “Num tratado cuidadosamente documentado e profundamente comovente, o
rabino-chefe de França, Gilles Bernheim, mostrou que o ataque à forma
autêntica da família (constituída por pai, mãe e filho), ao qual nos
encontramos hoje expostos – um verdadeiro atentado –, atinge uma
dimensão ainda mais profunda. Se antes tínhamos visto como causa da
crise da família um mal-entendido acerca da essência da liberdade
humana, agora torna-se claro que aqui está em jogo a visão do próprio
ser, do que significa realmente ser homem. Ele cita o célebre aforismo
de Simone de Beauvoir: ‘Não se nasce mulher; fazem-na mulher – On ne naît pas femme, on le devient’. Nestas palavras, manifesta-se o fundamento daquilo que hoje, sob o vocábulo ‘gender
– gênero’, é apresentado como nova filosofia da sexualidade. De acordo
com tal filosofia, o sexo já não é um dado originário da natureza que o
homem deve aceitar e preencher pessoalmente de significado, mas uma
função social que cada qual decide autonomamente, enquanto até agora era
a sociedade quem a decidia. Salta aos olhos a profunda falsidade desta
teoria e da revolução antropológica que lhe está subjacente. O homem contesta o fato de possuir uma natureza pré-constituída pela sua corporeidade, que caracteriza o ser humano. Nega a sua própria natureza, decidindo que esta não lhe é dada como um fato pré-constituído, mas é ele próprio quem a cria.” (Fonte: http://beinbetter.wordpress.com)